Nota de editor:Devido àexistência de erros tipográficos neste texto,foram tomadas várias decisões quanto àversão final. Em caso de dúvida, a grafia foimantida de acordo com o original. No final deste livroencontrará a lista de erros corrigidos.
RitaFarinha (Dez. 2009)
OPUSCULOS
OPUSCULOS
POR
A. HERCULANO
SOCIO DE MERITO DA ACADEMIA R. DAS SCIENCIAS DE LISBOASOCIO ESTRANGEIRO DA ACADEMIA R. DAS SCIENCIAS DE BAVIERASOCIO CORRESPONDENTEDA R. ACADEMIA DA HISTORIA DE MADRIDDO INSTITUTO DE FRANÇA (ACADEMIA DASINSCRIPÇÕES)DA ACADEMIA R. DAS SCIENCIAS DE TURIMDA SOCIEDADE HISTORICA DE NOVA YORK, ETC.
TOMO VI
CONTROVERSIAS E ESTUDOS HISTORICOS
TOMO III
LISBOA
LISBOAVIUVA BERTRAND & C.a SUCCESSORESCARVALHO & C.a
73, Chiado, 75
M DCCC LXXXIV
COIMBRA―imprensa da universidade
UMA VILLA-NOVA ANTIGA
1843
Se passardes pelos olhos uma carta topographicade Portugal, em cada provincia, emcada comarca, talvez em cada pequeno districto,achareis escripto, ao lado de alguns d'esses signaesque marcam as povoações, a palavra
Villa-nova:Villa-nova de Rei, de S. Cruz, de Gaya,de Cerveira;... que sei eu?―Villas-novas detodos os sobrenomes, e até villas-novas de ningueme de nada; villas-novas espurias.
Villa-nova é o
dommunicipal, o dom villão;porque, por extravagante antiphrase, villa-novaquasi sempre indica um antigo burgo com suasrugas de velhice, com seu castello desmoronado,com seus vestigios de templo ou de palacio dameia-edade. Villa-nova moderna, sem pedras amarellas,tombadas, ogivaes, é cousa descommunal,
[4]milagrosa, e ao réz do impossivel. É que opassado,remoto, remotissimo, como o imaginardes,já foi presente, e então a villa que sealevantavaou no desvio, até ahi inculto e intractavel,ou sobre os vestigios de povoação deshabitadae destruida, era realmente
nova;mas os seusedificadores esqueciam-se, ao dar o nome á obradas proprias mãos, que elles passariam bem depressae com elles a mocidade da sua filha querida;esqueciam-se de que o correr dos annosbrevemente havia de converter em palavra semsentido essa denominação que lhesparecêra tãoclara e precisa. Aos primeiros respiros de paz e segurança,depois das guerras barbaras de religiãoe de raça que devastaram outr'ora este soloportuguez, o espirito municipal ia semeando osconcelhos ao passo que debaixo dos marcos dasfronteiras christãs se embebia o territorio mussulmano,e então acontecia que o burgo, recentementeplantado em terra até ahi erma e sáfara,ou sobre as ruinas carcomidas de municipio romanoou godo, sentindo-se cheio de vida e deesperanças, folgava de contar ao mundo no proprionome a sua juventude, e tomava para si otitulo tão querido, tão popular, tãocasquilho―deVilla-nova.
[5]E ás vezes as villas-novas vinham encostar-seaos muros carrancudos e robustos das cidadesreaes ou episcopaes. Eram como uma criançarosada, risonha, travessa, que se atira ao colloda velha rebarbativa, e se lhe pendura ao pescoço,e desata a rir―a bom rir. Acontecia tambemque uma ou outra ia assentar-se á beirade um rio, defronte de povoação orgulhosa, esimilhante a trasgo inquieto zumbia-lhe insolentementeaos ouvi
...
Sitemize Üyelik ÜCRETSİZDİR!