INTRODUCÇÃO
Á
ARCHEOLOGIA
DA
PENINSULA IBERICA


Typ. Castro Irmão—Rua da Cruz de Pau, 31


INTRODUCÇÃO
Á
ARCHEOLOGIA
DA
PENINSULA IBERICA

PELO DOUTOR
Augusto Filippe Simões
LENTE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA


PARTE PRIMEIRA
ANTIGUIDADES PREHISTORICAS
COM OITENTA GRAVURAS


LISBOA
LIVRARIA FERREIRA
132 Rua Aurea 134
1878

[Pg i]


As sciencias historicas e sociaes transformam-se actualmente sob o poderosoinfluxo dos factos, principios e methodos das sciencias da natureza.A archeologia é a principal das vias por onde se opéra esta grande transformação.Relacionada por uma parte com a geologia, a paleontologia e a anthropologia,e por outra parte com a historia, tem aproximado, attrahido,ligado estas sciencias que a differença das idades e dos methodos respectivospor tantos annos conservára afastadas e independentes umas das outras.

A tradição e a auctoridade d’aquelles que o precederam guiam e esclarecemo historiador. Ao naturalista falta-lhe a tradição; tem apenas os vestigiosdos factos para os explicar e relacionar; mas, por isso mesmo, afaz-sea observar, analysar, comparar e induzir com toda a força que dá o exercicioás faculdades intellectuaes, e com a independencia a que o espirito humanose habitua, desprendido inteiramente de opiniões antecipadas e de systemaspreconcebidos. O historiador principia pelo mais antigo dos factosque a tradição refere, e deduz depois chronologicamente todos os outros atéchegar á actualidade. O geologo segue o caminho inverso; começa pelosfactos contemporaneos e, induzindo do conhecido para o desconhecido, interpretandopelo presente o passado, remonta-se, de vestigio em vestigio,até á origem da terra. Ninguem lhe contou, ninguem deixou escripta a historiado planeta que habitamos. É elle quem a cria, quem a inventa, observando[Pg ii]e interpretando os vestigios materiaes dos factos que lhe revelam nasua evolução incessante as phases principaes da vida do globo. Os documentosque a natureza offerece ao naturalista não exprimem senão a verdaderigorosa e exacta. Os documentos que o historiador aprecia, traçadospor mãos humanas, muitas vezes a desfiguram e falseam. Mente o homem,a natureza não.

As condições do archeologo que estuda as epocas prehistoricas são identicasás do naturalista, e como naturalista ha de proceder se quizer chegarao conhecimento da verdade. Em primeiro logar falta-lhe inteiramente a tradiçãoverbal ou escripta; tem de cingir-se á significação exacta e rigorosados vestigios que observa. Em segundo logar a qualidade d’estes vestigios,o modo como se encontram nas camadas superficiaes da crusta da terra, osrestos fosseis que lhes andam associados, fazem da archeologia prehistoricauma como parte da paleontologia humana. Aqui pois desapparece de todoa differença entre o archeologo e o naturalista.

Na archeologia dos tempos historicos, com quanto se considerem já osfactos á luz da historia, subsiste todavia, como elemento essencial da inter

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